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Channel: Blog do Jorge Knijnik
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#JESUISESCOLAPUBLICA #TOLERANCIACULTURAL

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Domingão nublado e morgado em Sydney. Depois de uma semana trabalhosa, nada seria melhor do que me esticar todinho e passar o dia morgando em casa.

Acontece que já havia me voluntariado a trabalhar no churrasco de arrecadação de fundos da associação de pais e cidadãos da escola do meu filho. Resultado: vesti a preguiça, e lá fui eu, vender refris, carregar gelo, atender pessoas, limpar mesinhas, etc. O churrasco, alias, aconteceu no estacionamento de uma grande rede de lojas que vende material para pequenas (e grandes) obras em casa, coisas para jardinagem, etc. Lota no final de semana. O esquema comunitário da rede é bacana, eles cedem o espaço no estacionamento bem na entrada da loja, uma tenda que já vem equipada com uma bela churrasqueira a gás, o qual eles também cedem; o grupo que esta na batalha tem que trazer as comidas e bebidas, e trabalhar.

Dinheiro para educação nunca será demais. A escola do meu filho é publica, fica num bairro de classe media; não tem nada super sofisticado, são 500 crianças estudando em salas de aula bem equipadas, com  bons professores, uma quadrinha externa, um auditório para os eventos e reuniões, e vários espaços verdes onde as crianças ralam seu futebolzinho nos intervalos. Ele passa 6 horas diárias na escola, e leva a comida de casa. Apesar de publica e gratuita, a gente sempre acaba morrendo com um dinheiro para programas extras, excursões, atividades artísticas e esportivas, etc. Ate o ano passado, o governo federal dava um dinheirinho anual para todos os pais com filhos em idade escolar, para ajudar nos uniformes e despesas extras. Este ano eles cortaram esta ajuda para quem consideram ser de classe media. Tempos de contenção, eles dizem. As mineradoras e os bancos vão muito bem, de nada.

Mas voltando ao churrasquinho de domingo: as associações de pais e cidadãos em geral são bem ativas, sempre tentando levantar fundos para trazer melhorias para a escola, ar condicionado para as salas de aula, mais tablets, ou mesmo ajudar financeiramente alunos que precisem ir para um acampamento e não tenham a grana, ou alguém que foi convocado para uma seleção estadual de algum esporte e não consegue pagar – o departamento de educação convoca mas não banca viagem nem uniformes, tudo vem pros pais, puxado.

Então, estas atividades comunitárias são fundamentais para o continuo aprimoramento da escola. Para quem acredita na diversidade da escola publica, fico orgulhoso em poder ajudar um pouquinho. Mesmo no domingão.

Um domingão, alias, que traz nuvens não apenas no céu, mas também e principalmente através das noticias dos atentados em Beirute, em Paris… das guerras constantes… e com a megatragédia ecológica provocada pela não-Vale-Nada  no ex-Rio Doce.

Some-se a isso o tratamento dispensado as escolas publicas do estado de São Paulo – ‘reorganização’, fechamento, piora das já difíceis condições de ensino dos alunos e alunas, violência contra quem tenta defender seus mínimos direitos, enfim , todo um quadro muito mais carregado e nebuloso.

Tantas nuvens que parecem obliterar a visão de muita gente. Na minha timeline mesmo, tenho visto muitíssimo poucos posts e protestos com esta situação das escolas publicas paulistas. Pouca gente na solidariedade, pouca gente se preocupando. NINGUEM indo pra Paulista contestar esta assalto ao futuro. Uma timeline que, assim como a escola do meu filho, é majoritariamente composta por ‘classe media’ – por mais diversas que as pessoas encaixadas nesta categoria possam ser – mas na qual há pouquíssimos se mobilizando para entender a gravidade da situação – ou sera que ninguém se preocupa com a barbárie anunciada diante de uma multidão de adolescentes deslocados das suas escolas? Mas as nuvens estão realmente tapando a vista de muita gente que, ao mesmo tempo, protesta (com legitimidade) contra o desastre ecológico do Sudeste, e contra a intolerância da violência em Paris.

Como se as coisas fossem desconectadas. Não são. Consciência ecológica critica, ligada às demandas do século 21, se constrói na sala de aula; tolerância e multiculturalismo se vivenciam no cotidiano escolar. Educação de qualidade é um pilar central para a melhoria social e talvez seja um dos poucos bens culturais para, talvez, conseguirmos viver em relativa harmonia com os outros e outras, e com nosso planeta.

#escolapublicadequalidade

#reorganizacaonao

#jesuisescolapublica

#toleranciacotidiana

Com isto, me despeço dos meus assíduos leitorxs deste blog esporádico. Valeu LaercioCEV, outras virao!


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